Palestina livre e a Flotilha da Liberdade: o alcance da solidariedade possível.
Alder Júlio Ferreira Calado
Uma das marcas mais impactantes da tragédia humana, hoje experimentada
Sob diferentes manifestações, prende-se a uma crescente indiferença com os destinos do Planeta e da humanidade. Embora não se trate de uma marca exclusiva das sociedades deste tempo, constitui um dos traços mais fortes de nossa atualidade. Aí podemos observar uma espécie de cegueira e de esquecimento ante evidências brutais. Os fatos e acontecimentos mais dramáticos se sucedem diante dos nossos olhos, e tendemos a aceitá-los como se fossem naturais.
No momento em que nos detemos sobre esta catástrofe, vêm a público atrozes imagens e relatos do crescente massacre perpetrado pelo Estado de Israel contra o povo palestino. Como é possível que a humanidade assista tão passivamente a tantas e gravíssimas atrocidades contra milhares de palestinos, especialmente crianças, mulheres, trabalhadores da saúde e socorristas em flagrantes ações de socorro, jornalistas provenientes das mais diferentes regiões do mundo. Sendo sistematicamente assassinados? O estado de Israel, sozinho, teria força para praticar, durante décadas, tais barbaridades, sem a cumplicidade direta do Ocidente?
Aí reside uma das manifestações mais deletérias com a qual a barbárie capitalista consegue nos capturar. Temos olhos, mas não vemos; temos ouvidos, mas, nos fazemos de surdos aos gritos mais glamorosos. Vivemos uma cultura da indiferença. Consola-nos, no entanto, constatar que nem todos assim se comportam, diante das agressões ao planeta, diante do crescimento exponencial das desigualdades sociais, diante das distâncias cada vez maiores entre um cada vez mais reduzido número de bilionários a multiplicar suas riquezas à custa de enormes multidões de famintos, de explorados e de dominados que se multiplicam pelo mundo afora. Consola-nos, por exemplo, a coragem de algumas centenas de pessoas que, desde 2008, não tem cruzado os braços, em busca de manifestar solidariedade ao povo palestino, por meio de uma iniciativa aparentemente tão impotente, mas, sob outro aspecto recheada de um potencial molecular de transformação.
Trata-se da “Flotilha da Liberdade”. Com o protagonismo internacionalista de cerca de mil militantes, procedentes de uma trintena de países – inclusive do Brasil -, eis que em 2008, diante do cerco “quase” completo da população de Gaza, com cerca 2 milhões e 300 mil habitantes, que, há décadas, se veem submetidos pelas forças sionistas de Israel, com a cumplicidade fundamental do Governo dos Estados Unidos e das forças imperialistas, em escala mundial, a Flotilha da Liberdade tem a ousadia de enfrentar os sionistas e seus aliados, buscando minorar o sofrimento de toda uma população mantida em um campo de concentração e na extrema penúria, durante décadas.
Reconhecendo a diversidade e a legitimidade das várias formas de lutas
libertárias, os protagonistas da Flotilha da Liberdade empenham-se em expressar sua solidariedade, de forma pacífica, limitando-se a fazer chegar até Gaza mais de 5 mil toneladas de alimentos e medicamentos, enfrentando violentas perseguições da parte do Governo Sionista de Benjamin Netanyahu. Ainda que a Flotilha da Liberdade tenha o suporte legal de distintos organismos internacionais – a ONU incluída -, seus protagonistas, desde o início, sofrem contínuos ataques pelas forças sionistas de Israel e seus aliados. A Flotilha da Liberdade navega sempre por águas internacionais, contando com o apoio de algumas forças anti-sionistas, a exemplo da Turquia. Da Flotilha da Liberdade fazem parte cerca de mil voluntários, procedentes de cerca de 30 países. Trata-se de militantes de um perfil variado: Parlamentares, figuras públicas, comunicadores, ativistas das causas socioambientais, entre outros.
No caso do Brasil, a principal figura de referência tem sido o
comunicador Thiago Ávila, cujas redes digitais merecem ser não apenas consultadas, mas também apoiadas e divulgadas. Dele podemos conferir diversas intervenções, ora em forma de vídeos, ora em forma de entrevistas concedidas a órgãos progressistas, a exemplo de Brasil 247, Opera Mundi, entre outros. Para além destes espaços, diversos outros, em inglês, podem ser acessados, principalmente via instagram.
Entre tantos traços de resistência e de solidariedade manifestados pelos integrantes da Flotilha da Liberdade, merecem especial destaque alguns deles. Um primeiro tem a ver com o compromisso ético-político de seus integrantes. Conscientes da correlação de forças extremamente desigual - enfrentar a poderosa máquina de guerra e de morte das forças ocupantes/colonialistas/supremacistas/segregacionistas/opressoras de Israel, profundamente amparadas pelos sucessivos governos dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, os integrantes da Flotilha da Liberdade ousam, desde 2008, testemunhar sua solidariedade ao Povo Palestino, vítima de um hediondo genocídio, acompanhado ao vivo e em cores por uma humanidade escandalosamente passiva ressalvadas honrosas exceções (seguimentos da Síria, do Líbano, do Iêmien, do Iraque, do Irã, entre outros).
Outro traço impactante a merecer destaque prende-se a forma pacífica como os integrantes da Flotilha da Liberdade decidem manifestar sua solidariedade, sendo mesmo assim alvo constante de ataques violentos das forças de Israel. Sua opção por uma ação pacífica resulta enormemente significativa, mesmo reconhecendo a legitimidade de outras formas de resistência, inclusive baseadas no Direito Internacional, segundo o qual a qualquer povo ocupado/colonizado assiste o direito de resistência, sob todas as formas reconhecidas pela ONU.
Nos diversos espaços de comunicação disponibilizados pelos integrantes da Flotilha da Liberdade, podemos encontrar informações detalhadas acerca de sua origem, de sua natureza solidária, de seu método de ação, da proveniência de seus militantes, bem como do seu perfil, além das diversas formas de contribuir com esta causa libertária.
https://www.youtube.com/watch?v=HC_yN_A51NU&t=2546s
https://open.spotify.com/show/4GTrddwqYaFDOuNUPcsRaX
https://www.youtube.com/live/BDLIxUuhUKk?si=zCb-qMS SwiNG vNq
João Pessoa, 21 de Maio de 2025.